dreams.

Ele estava quieto, a poucos passos de distância de mim, olhando algo imaginário. Eu só conseguia ver o velho baobá, que tinha em seu tronco as marcas do tempo misturados com vida. Ele se virou pra ver quem tinha chegado; eu não estava mais ali. Eu era marcada pelo tempo, eu era como uma memória naquele lugar, quase inexistente e imaginária: como o meu baobá. Eu era água, eu era vida daquele lugar, e ele podia me enxergar. Ele conseguia me ver! E me sentir! Do lado do baobá, eu acenei: ele retribuiu e veio caminhando com passos leves vestidos com um all star vermelho, na minha direção. Uma corrente de ar passou entre nós e eu senti algo que nunca havia sentido antes. - Já estava na hora do amor chegar. - disse meu baobá, se virando e adormecendo. Ele se aproximou de mim, fitou meu vestido rosa envelhecido e depois meus olhos. Seu olhar tinha um pouco de esperança, era curioso, delicado e cuidadoso, tinha cor de avelã; e a sensação nova teimava em persistir, bambeando minhas pernas, mudando a direção do meu pensameno para o garoto à minha frente. Ele pegou na minha mão, olhou nos meus olhos novamente e eu entendi. Ele também fazia parte do meu baobá, e nós caminhamos rumo ao sol que se punha: indo atrás de um lugar feito pra nós, pequenas imaginações.

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