give up?
Ela estava decidida, e só algo muito forte a faria mudar de ideia. Esperava, ansiosa, o ônibus que a levaria pra longe das tentações. Ela estava cansada de sonhar, então decidiu que nunca mais sonharia, que só viveria com os pés no chão, sem pensar nem um pouquinho em como seria a vida dela se... E pronto. Queria viver de certezas, não de ilusões. Já havia quebrado a cara muitas vezes e estava machucada demais.
O ônibus parou à sua frente, sem mesmo ela ter feito sinal de parar. E subiu, com um bocado de certeza em cada pedacinho de chão que pisava, e se sentou. Olhava pela janela, observando tudo que passava, às vezes rápido demais, por sua retina e a deixava meio tonta, sabendo que nunca mais veria aquilo com tanta nitidez como agora. Os sonhos que deixou na rua, agora largados no meio fio, acenavam como se dissessem adeus. Ela não queria pensar em voltar atrás, não gostava de se contradizer; tinha decidido o que queria, e não iria mudar de ideia, enquanto alguém não o fizesse em seu lugar.
Sem perceber, começou a imaginar como seria se tivesse voltado atrás, se tivesse dado atenção ao chamado do vento que pronunciava seu nome, se tivesse tempo e maneira de ser como era antes, se houvesse algum jeito de voltar no tempo e evitar escolher errado. Ela sonhou, mais uma vez, violando todas as regras impostas por ela mesma. Ela sonhou como seria voltar a ser feliz sonhando. Sonhou em como seria sonhar. Sonhou, hipoteticamente falando, em voltar ao tempo em que sonhava sem medo de acordar.
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