no title set.
Nunca mais duvido de alguém que afirme alguma frase dizendo que o melhor lugar pra se fugir do mundo é nosso quarto. Isso pra mim passou a ser uma das verdades cruciais que cercavam minha curta existência, eu vivia essas afirmações. Não havia choro ou dor que sobrevivia intacta com a voz da Hayley, ou da Taylor, e nem eu deixaria de sorrir com a voz do Elvis ou do Chris. Um lápis e um bloco de folhas faziam o par perfeito junto à minha tristeza que em breve se dissiparia.
Pois dor nenhuma suportava permanecer na minha mente por muito tempo.
Portanto, eu estava cansada de ser protegida (ou seria presa?) por aquelas paredes que tanto me lembravam conforto. Elas eram tão íntimas, sabiam de todas as minhas frustrações, participavam de todo e qualquer processo criativo que eu tinha, até daqueles que não chegavam à segunda linha. Eu precisava sair daquilo, precisava de calor humano. Precisava de um colo, precisava de carinho, precisava de amor.
Um livro debaixo do moletom, saí a procura de um lugar pra ler. Qualquer lugar que não estivesse cercado, qualquer lugar sem sol. Me sentei debaixo de um ipê que derramava suas flores por toda a praça, e ali permaneci, concentrada num mundo que não era meu. E, diferente do que eu esperava, ninguém veio ao meu encontro, perguntar se o livro era bom ou algo parecido, eu continuei lendo até o anoitecer, à iluminação precária de um poste.
Ninguém veio ao meu encontro, mas não foi nada que me desanimasse, que fizesse eu achar que o mundo estava contra mim. Eu só precisava tentar, até conseguir o que eu esperava.
Só precisava insistir.
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