the boy and the world.
O homem o encontrou chorando, sentado na calçada. Era um garoto de uns 7, 8 anos, que chamava atenção dos transeuntes, sem um motivo aparente. O rapaz estava disposto a dar o que o garoto precisasse, a fim de cessar seu choro.
- Um doce, menino? - disse-lhe, entendendo-lhe um chocolate, esperando aprovação.
- Eu não quero doces.
- Um brinquedo, então? - insistiu.
- Não. - disse o garoto, e voltou a choramingar.
- Seus pais, quem sabe?
- Já não os tenho, e não os desejo.
- Então, se nada lhe aflige, cesse seu pranto, há muitos motivos para sorrir. - fez uma pausa e sentou-se ao lado do garoto. - Veja como a noite cai com elegância, com a majestade da grande esfera branca lá em cima.
- Todas essas pessoas não merecem algo assim, não merecem. - apontou as pessoas nos carros.
- Mas a natureza não olha merecimento. Veja quando a manhã cai, como é bonito o alvorecer, como as aves celebram o que chamamos de "mais um dia".
- Mesmo assim, o mundo não merece. O mundo não merece pessoas como o senhor, porém, o senhor merece o mundo, o mundo bonito a que se refere. - continuou a chorar.
- Obrigado, meu bom menino. Mas por que choras?
Silêncio.
- Você pode ter todo esse mundo, se quiser. Pode ter essa lua, e casa pontinho brilhante que se esconde do sol. Você pode ter todas as flores que enfeitam a primavera, e todas as folhas secas que caem no outono. Pode ter toda neve do inverno ou todo o calor do verão. Então por que continuas a chorar? Sorria para o mundo!
- Como eu irei sorrir? O mundo levou meu sorriso.
- Não. O mundo lhe deu a arte de poder sorrir. - ele lhe sorriu timidamente.
O menino não respondeu. Os dois só observaram o crepúsculo agitado da avenida, encostados na parede, em silêncio.
O garoto não queria o mundo. Só queria um lugar nele.
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