internal storms.

- E até quando vai insistir no que você chama de "erro"?
- Enquanto este erro continuar pensando em mim. - Stephen deu ênfase à palavra "erro".
- Você é tão egoísta. Pare de se divertir prejudicando seus erros, então. - Amélie não aguentava mais, não tinha paciência suficiente pra permanecer calada com os pensamentos que Stephen a fazia ter.
- Eu estou te prejudicando? - Stephen quase sorriu, mas segurou-se e arqueou uma sobrancelha.
Lá fora uma tempestade começava. Pouco a pouco, pingo após pingo. Lá dentro também, uma chuva de desabafos.
Amélie estava calada, os olhos brilhando de lágrimas clandestinas que certamente não estavam autorizadas a cair. Stephen havia desfeito o semblante quase cínico e agora observava os olhos vazios dela, os quais estavam na sua mente todas as noites.
- Eu fico imaginando o quanto seu orgulho te machuca, lá dentro, quando você percebe que está sozinho por causa dele. Você ataca pra se defender, provoca coisas nas outras pessoas, quando essas mesmas "coisas" te atormentam à noite, talvez pra ver como elas reagem, talvez pra se vingar. Até quando vai continuar pequeno e fazer essas coisas? Abra seu coração e cresça, Stephen.
Haviam gotas apostando corrida nas janelas e no rosto de Amélie.
- Você sempre soube como eu sou, mas isso não te impediu de ficar comigo.
- Eu tinha esperanças de mudar você nesse aspecto, mas acho que meu amor não foi suficiente, foi?
- Vai me dizer que você nunca teve medo? Eu tive medo, Amélie. Eu tenho medo. Eu só tinha você, e tive medo de te perder. Eu não sei o que acontece comigo, eu me sinto melhor ouvindo os problemas que eu provoco nos outros do que aceitar meus próprios sentimentos. Consequentemente, acho que eu prefiro ver o machucado das pessoas que perceber a ferida do meu próprio coração.
- Medo de amar e se machucar de novo? Medo de não se recuperar? Você me fez perder esse medo, mas agora ele voltou. Mas sabe, o tempo sempre fecha feridas. Se não as fecha, as adormece, e elas não incomodam mais. Só o que precisamos fazer é dar tempo ao tempo, para ele poder agir, Stephen.
- Eu acho que interrompi a ação do tempo em você. Pensando bem, me desculpe por isso. Me desculpe por ter aberto essas feridas e não deixá-las fechar.
Havia se passado poucos minutos, mas parecia que o tempo havia agido horas a fio. As gotas de chuva caíam mais leves, a tempestade cessava-se.
- Eu só lhe peço que pare, tudo bem? - ameaçou um sorriso, mas ele não veio.
Stephen acenou positivamente com a cabeça, e eles se abraçaram.
Lá fora a chuva cessou-se completamente, e, se olhassem pela janela, veriam a pálida lua branca os espiando dentre as nuvens.

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