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Debaixo da cama é como um esconderijo; de medos, de passados, de demolidores de dietas, de diários velhos e de palavras perdidas no tempo (ou perdidas num guardanapo que caiu lá embaixo da cama quando você dormiu abraçada nele). Não é exatamente um lugar pra botar uma lâmpada, mas eu insisto em colocar um pinguinho de luz no passado, nos medos e em tudo que joguei em baixo da minha cama. Metaforicamente, é claro, imagina só ter uma bagunça nesse lugar. A gente dorme em cima, e bagunça atrai baratas. Bagunça atrai mais bagunça. Isso, voltei pras metáforas, tente me acompanhar. Se eu esqueço um bombom velho que ganhei daquele professor que tinha cara de tarado, as baratas atacam. Mesmo quando o bombom acabar de ser devorado, elas irão voltar. Até encontrarem outra lembrança para se agarrarem. As baratas ficam todas comendo as bordinhas da nossa caixinha de lembrança interior, nosso órgão principal que é usado como lixão. Não que ele tenha sido feito pra isso. Mas "o que é que tem", não é mesmo? Um ex amor escondido atrás da foto de família tirada no natal de 2002. Vai juntar barata, menina. Não tem necessidade de guardar o passado, os medos e os amores que já juntam traça de tão velhos. Recicle. Do passado faça um aprendizado, dos medos tire coragem, dos amores... bem, desse não faça nada. Eles nem deveriam existir mais, certo? Então queime e não assista.
Espero que debaixo da sua cama fique apenas o brilho do piso. Sem baratas, nem nada que as atraia. E ah, o futuro fica em cima da cama, esperando o presente se reciclar.

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