[sem título]
Se tudo o que eu pudesse fazer fosse dizer, falar, gritar, eu talvez nunca falasse de você. Não sendo falta de apreço, mas falta de vocabulário. As palavras, sejam poucas ou muitas, me limitam mais do que ampliam minha ideia. É tudo muito além do que dá pra descrever, e não importa quanto tempo passe, essa afirmação sempre soará clichê. Não é possível mensurar em palavras, em simples e complexas palavras, a sensação de cada toque, de cada cheiro, de cada olhar, de cada batida sem ritmo de nossos corações ansiosos. Ansiosos também não é a palavra certa: a aflição de esperar o tempo que passa e se arrasta é grande demais pra caber em oito letras quando juntam nós dois. Dois. Dois também não é a palavra mais adequada: somos três, por enquanto, ou cinco, se pensar melhor. Eu, você, Ele, Ele, Ele. Ou só eu, você e Ele. Acontece que não importa muito. Aliás, nada importa muito, porque o que se importa não é possível guardar em pobres palavras como a que temos. A agonia de esperar pra que nos tornemos um só... Não cabe em lugar nenhum. Não há palavra, suspiro, gesto ou pensamento que capte com nitidez o que se sente. Nas palavras do leigo, é vício. Nas palavras de quem já se cansa de tentar contar, é amor. Amor. A-M-O-R. Mas tudo isso não passa de meros ensaios de algo muito maior. Tudo é muito maior. Ou nós quem somos pequenos demais.
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