Quebra-cabeça da ausência.

Sinto tantas saudades tuas. Não que tenha muito tempo que eu esteja com sua ausência, claro, mas ela também parece estar crescendo como bambu. Ouvi dizer que bambus crescem rápido e ficam enormes. Bem, sinto saudades do teu riso, da sua ousadia em me irritar com coisas tão sérias pra mim e tão banais pra nós; sinto falta do teu rosto roçando o meu, como se desenhasse com seu nariz nas minhas bochechas alguma obra de arte impressionista. Impressionista, não surrealista, nem tão realista, nem cubista ou dadaísta. Impressionista, porque me impressiona como o desenho me traz boas sensações e boas lembranças, ainda que invisível. Bem, sinto saudades de quando me olha de canto, e quando reage ofendido se te olho do mesmo jeito, rindo e dizendo "não me olhe de banda"! Saudades de como me conta as coisas engrandecendo-as, dramatizando-as e tratando delas como gostaria de ter tratado; igualmente aprecio teu rosto corado dizendo que gostaria que tivesse sido segundo o relato. Sinto falta do teu abraço apertado, da tua mão na minha enquanto andamos de moto em ruas retas e vazias. Sinto saudades do teu olhar surpreso e lábios pendentes em reação a certas palavras minhas. Ah, como sinto falta das tuas palavras, mesmo as silenciosas! Sinto falta de só estar contigo, me esquecer em você, abafar meus pensamentos que me incomodam quando você se vai. Penso em nós dois como peças de um quebra cabeça: nossas irregularidades são complementares - e assim é bem melhor. 

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