Acerca das coisas que não chegam à consciência como razão.

Ultimamente nessa vida eu tenho flutuado. Do passado ao futuro, às vezes sem nem passar pelo presente, que tão rápido se torna passado e nunca futuro. Tenho flutuado das manhãs às noites, e logo de novo volto às manhãs. Flutuo inerte, indiferente, insconsciente, sem querer. Flutuo do cansaço ao descanso, volto ao cansaço e fico emperrada ali como um galho que estava flutuando e foi parado por uma pedra. Depois me solto e volto a flutuar. Flutuar entre a dúvida e a certeza, pra então voltar à dúvida e também travar ali. Então flutuo mais um pouco e fico pensando se era naquele rio que eu devia flutuar... Será que eu não devia pensar maior e ir para o mar? Ou me dar ao luxo de um aquário tranquilo e monótono? Acho que nasci folha, que só flutua depois que cai de onde veio. Então eu caí, e o rio tem me levado e eu não sei onde é que vou parar - sei que é mar, mas quando é mar? quando é só agitação de uma corredeira e quando é que é mar?
Na verdade não quero mar, não quero rio, não quero lago... Só quero árvore.
Não nasci pra flutuar.

                                                                           Mas talvez tenha morrido pra flutuar. 

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