Fim de tratamento é assim mesmo.

Tem dia que a vida parece que perde a cor. Perde a vida, o sentido, o rumo, a razão de ser. Nada é tão relevante, nem importante, e nada é aproveitado como deveria.
A baixa de serotonina no meu cérebro me faz ter crises existenciais. O peso do mundo recai sobre a lombar, as toneladas de preocupação e ansiedade rebaixam a cabeça. 
A poesia some e fica tudo bem sombrio, vazio, triste. Cinza. E olha que eu até gosto de cinza.
Sinto como se vivesse em um hiato de não-existência, em estado de coma, sobrevivendo. Pensando em sobreviver e sobre viver. Mas o dilema recai se há razão para todas essas coisas.
Sou uma pessoa profunda fingindo ser rasa e conhecendo apenas a superficialidade das outras pessoas. E de mim. Quem sou eu, afinal de contas? Quem são os outros?
Ultrapassar a fina camada superficial é o ponto mais difícil de conhecer outras pessoas. Como jogar na sorte. Por isso, me lembro daquelas pessoas que um dia já conheci - ou pensei conhecer. Sinto falta da familiaridade, da intimidade, do conhecimento total sobre o outro. 
Solidão. 
Só há uma grande geleira extremamente alva e opaca; embora viva, tem sua própria linguagem e ainda é muda pra mim. Sozinha, só eu e a neve. Nevasca. Tempestade. Isolamento. Eu e meu cérebro sem neurotransmissores suficientes. Eu e meu cérebro deficiente. 

Eu.

E só.

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