A culpa era de quem?
Em um dos episódios de bebedeira, Seu Mauro encontrou Geraldo jogado em uma cadeira, claramente com a saúde alterada. Tomou providências.
Gustavo e Mateus conversavam de assuntos masculinos, os quais não interessavam de forma alguma Marina. Em uma das mudanças de local do trio no quarto de Geraldo, Marina se encontrava ao lado de Mateus. Após um ultimato de um dos homens da família, começaram a se apressar para voltar ao hotel. Mateus se irritou com Marina e gritou com a mesma, enquanto a empurrava para tentar sair antes da menina, que se encontrava no único e estreito caminho possível. Resultou em choro de Marina e um acesso de raiva de Mateus.
Entrou na cozinha, parte do anexo por fora do complexo hospitalar. Lá estava Jurema, enfermeira, amiga de outros tempos em que Marina estagiara naquela cidade, como estudante de medicina. Jurema se gabava dizendo "Viu, Marina, se fosse em Caça-Antas, não teríamos a oportunidade de pedir tão rápido um exame de análise da urina dos pacientes!", em meio a risos brincalhões.
Semanas depois, a caravana da família partiu: primos, tios, parentes não sanguíneos de parte do novo esposo de Neiva. Acompanhava-os alguns casais, de origem desconhecida. As crianças não rodeavam mais o leito de Geraldo, pois já haviam cumprimentado-o e descido pra continuar a brincadeira.
Marina se manteve no quarto hospitalar de Geraldo, que era grande, contando com vários móveis inutilizados como uma segunda cama de casal e algumas cadeiras rodeando o quarto junto às paredes. Estavam sentados Gustavo, primo de Marina, e Mateus, um dos desconhecidos. Mateus se portava de forma petulante e inferiorizava, sempre que possível, quaisquer das falas de Marina. Esta havia se aninhado no colo do primo, com as pernas para as laterais, sentada em suas coxas, com a cabeça escorada no peito deste, enquanto vez ou outra soltava alguma pergunta sobre a vida já desconhecida do primo que tanto se afastara dela desde a infância.
Gustavo e Mateus conversavam de assuntos masculinos, os quais não interessavam de forma alguma Marina. Em uma das mudanças de local do trio no quarto de Geraldo, Marina se encontrava ao lado de Mateus. Após um ultimato de um dos homens da família, começaram a se apressar para voltar ao hotel. Mateus se irritou com Marina e gritou com a mesma, enquanto a empurrava para tentar sair antes da menina, que se encontrava no único e estreito caminho possível. Resultou em choro de Marina e um acesso de raiva de Mateus.
Na ida para o ônibus, Marina viu sua irmã do meio, de 10 anos, com o pé sangrando próxima à entrada, sendo pajeada por cerca de 5 mulheres da família. Sentiu-se nauseada, apesar de ser tão amante da arte médica. Trocou olhares com uma prima que vinha ao longe, trazendo um pano limpo e um copo de água.
Entrou na cozinha, parte do anexo por fora do complexo hospitalar. Lá estava Jurema, enfermeira, amiga de outros tempos em que Marina estagiara naquela cidade, como estudante de medicina. Jurema se gabava dizendo "Viu, Marina, se fosse em Caça-Antas, não teríamos a oportunidade de pedir tão rápido um exame de análise da urina dos pacientes!", em meio a risos brincalhões.
De volta ao hotel, Marina optou por permanecer sentada no 3º lance de escadas e finalizar seu livro comprado recentemente. Não sabia do que se tratava até abri-lo e observar um diário-like de adolescente moderna. Deixou o livro cair, por acidente, no saguão, por entre as colunas que protegiam as laterais da escada e sustentavam o corrimão. O acidente ocorreu enquanto subiam todos aqueles casais desconhecidos que acompanhavam sua família por essa viagem. Decidiu, então, subir e conseguir chegar ao seu quarto.
No quarto 23, onde dormiria com seu padrasto, sua mãe e suas irmãs, havia o breu de quem já dormia e sonhava alto. Sua mãe, de súbito, pela claridade da porta aberta, balbuciou um pedido para que Marina entrasse logo e fosse descansar.
O quarto ao lado, 21, estava em plena euforia, com gritarias incompreensíveis por parte de todo membro da família que ali estava; a porta aberta deixava os passantes pelo corredor mirarem a balburdia e a bagunca que se encontrava dentro e fora do quarto, de pessoas e de malas.
Ao entrar, Marina retirou sua calça e sua roupa íntima. Permaneceu de blusa, e foi buscar sua escova de dentes, planejando uma ida ao banheiro antes de deitar. Ao encontrar sua bolsa, percebeu que esquecera esse item sempre tão polêmico nas organizações de bagagem. Encontrou o material que precisava na bolsa da mãe. Mantinha o pensamento ocupado com todas as novas informações daquela viagem, as pessoas que reencontrou, a discussão com Mateus, o colo do primo... Notou, então, que não havia um lavabo dentro do quarto.
Sorrateiramente, olhou o corredor e viu que não havia ninguém. Correu a passos curtos rumo aos banheiros. O labirinto dos lavabos, melhor dizendo. Deu de cara com um espelho e percebeu, só então, que estava seminua. E sem mais nada além da escova de dentes. Sobressaltada, puxava a blusa com as mãos e começava a pensar que deveria ter escolhido uma camiseta mais descolada, caso alguém a visse. Quem sabe aquela dos Beatles, que ainda tinha anexa a etiqueta, que esqueceu no seu armário a 400km dali? Tentava cobrir suas partes íntimas com a camiseta esticada, sem muito êxito. Tentou voltar para o quarto. Deu de cara com dois corredores que não eram o seu, onde havia casais se beijando, crianças brincando e senhoras conversando nas portas. Corou e correu, torcendo para que ninguém a tivesse visto.
No seu corredor, finalmente, havia uma porta aberta com um rapaz na porta, Marcelo. Conhecido de outras épocas, nas quais o pudor era ausente entre eles; hoje, não mais. Havia uma garota no lado oposto do corredor, aparentando estar ajeitando suas roupas e seu cabelo após alguma atividade agitada. Marina passou, olhou para Marcelo e conteu o riso constrangido. As pessoas do quarto 21 estavam mais calmas, porém ainda de porta aberta e corredor semi-cheio. Pelo menos não precisaria passar em frente a porta, uma vez que viera de outra direção dessa vez. Entrou no quarto rindo de nervoso, pensando e ralhando consigo mesma. A mãe, novamente, reagiu da mesma forma, como se nada soubesse da situação recente.
Marina procurou, então, uma roupa que lhe servisse, e provou diversos pares. Se sentia inadequada e indesejada naquele lugar. Uma estranha no ninho, como se não pertencente à mesma espécie de toda aquela gente.
Pensou que tudo isso era por causa de Geraldo. Mas sorriu logo após esse pensamento, pois havia alegria na face dele quando foi visitá-lo mais cedo.
A culpa era de quem?
Comentários
Postar um comentário
Observações