meu irmão.

 Neuber é meu irmão de pai e mãe. Juntos crescemos, rimos, brincamos, brigamos, criamos gatos, alimentamos gatos, criamos coelhos (ele comeu o coelho depois e eu chorei), jogamos videogame (com meu controle desligado), ligamos na rádio da cidade pra pedir pra tocar Bonde do Tigrão porque eu achava que era a música do amigo do Pooh. Falamos mal do fusca branco do meu pai juntos, sentamos juntos na sombra do fusca pra olhar o horizonte e pra ele me contar que aquela montanha lá longe era onde os Teletubbies moravam. Criamos hamsteres da pior forma possível, e em todas as vezes limpamos as gotinhas de sangue que o gato deixava cair quando pegava o hamster no colo dele enquanto o Neuber dormia. Ficamos assustados juntos com as histórias do meu avô, enchemos o buchinho com a comida da minha avó. Comemos juntos as péssimas gororobas que ele fazia na cozinha, incluindo as variações de pão francês com açúcar e Nescau, de "salada" de queijo, farinha e açúcar, e outras bizarrices. Imaginamos alienígenas descendo pra abduzir quem ousasse entrar no barracão abandonado que tinha perto de casa. Vimos o gato comer a cabeça dum pintinho dentro da gaiola e o pintinho continuar andando sem cabeça (a cena trágica virou história pra me assustar à noite, vez ou outra).

Fomos juntos ao banheiro durante a noite, porque você tinha medo do escuro. Ficamos escondidos juntos naquele Natal, porque éramos só nós dois - e o fusca.
Entre gatos, toques de telefone, pintinhos, hamsteres, roncos, fugas do banho, sustos, filmes de terror, comilanças, brinquedos de segunda mão, cadernos da Luana Piovani e skates de dedo, nossa infância foi boa demais. Agora, parece que foi tão curta.
Porque você ainda não viu a minha cachorra doida, nem conheceu minha casa. Não viu que cortei o cabelão que era igual o da mamãe. Não vi sua barbicha feiosa que você chamava de barba por ser a única coisa que cresceu na sua cara.
A esperança que compartilhamos juntos é que Deus cuidou de todos os nossos dias e nos ama de forma tão furiosa que preferiu te levar em um momento que você tava próximo dEle. E aí Deus te quis mais perto.
Até breve, Neubinho. Manda um abraço pra Deus aí e agradece o wifi celeste.

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