Pares cranianos
Seguindo uma ordem que me é familiar, começamos pelos olhos. As pupilas de noite sem lua que servem de janela para um fundo de olho que me parece tão íntimo como fundo de alma; pupilas que eu torço pra se dilatarem em desejo na minha presença e ao meu toque, reagindo à luz dos meus olhos. Seus olhos se movem fluidos e com vivacidade, fugindo dos meus quando se encontram fitando a alma um do outro.
Depois, vem as caras e bocas possíveis - e como são muitas! É o que permite a sua risada cor de laranja, quente, que vai tomando conta do ambiente assim como quando o sol se põe num dia quente demais. É o que une seus lábios nos meus, com sede e com fome (sou só eu?), com o gosto de calmaria selvagem. E daí seguimos à textura das bochechas, do nariz que - finalmente entendi! - repousa gentilmente sobre seu rosto. Você sente o que eu sinto quando beijo seu rosto de repente?Escute o que eu digo e o que eu não digo, te peço. Não mantenha o equilíbrio comigo. Sinta o gosto da minha vontade dissolvida na sua. [Aliás, como ninguém nunca me disse que tinha gosto de alegria o sumo do prazer?]. Deixa o coração acelerar, a estômago flutuar... Eu espero vagar um lugar que me caiba. Nessas horas dou de ombros, mas confesso que muitas vezes me sinto tentada a pedir que me ensine como vocalizar e articular em voz alta e clara minhas vontades pra, depois, ensinar aquele seu jeito certo de amar uma mulher.
Comentários
Postar um comentário
Observações